segunda-feira, 12 de agosto de 2013
APRENDA A LIDAR COM A DOR.
Por que falar justamente sobre dor? Vamos lá! Primeiramente porque acredito que nascer dói. Caso contrário, não choraríamos ao nascer, não é? Imagino que deva ser desconfortável sair de um lugar quentinho, um ambiente o qual já estamos habituados, pois ficamos ali os último nove meses, e sair através de um lugar pelo qual passamos apertado, no caso do parto natural, ou somos retirados abruptamente, no caso da cesárea, e nos depararmos com um ambiente completamente diferente, não conseguimos respirar, pois estávamos acostumados a receber toda nossa fonte de energia através do cordão umbilical e nossos pulmões ainda não estavam em funcionamento, e temos que de uma hora para outra mudar completamente nosso estilo de vida, por assim dizer. A luz nos olhos, que mesmo fechados, deve incomodar, pois estávamos acostumados a escuridão do ventre, a palmada do obstetra, que levamos sem nem ter feito nada e sem saber porque, nos da uma prévia sensação de que esse negócio de nascer não vai ser muito bom, e choramos. Choramos porque sentimos dor, dor física, psicológica, dor. Mal nos acostumamos a essas pequenas, ou grandes dores, e surge outra, a fome! Não sabemos porque mas algo está estranho, nosso alimento não vem mais daquele modo cômodo e sem esforço ao qual estávamos acostumados e sentimos dor na barriguinha e não sabemos o que fazer e choramos de novo, dor. Então nos é dado o seio, o qual tateamos com nossas boquinhas desesperadas as cegas até que consigamos pegar o bico e mamar e saciar nossa fome e sanar nossa dor. Isso quando conseguimos, pois muitos sofrem a tristeza de não conseguir pegar esse alimento diretamente na fonte e é preciso pegar na chuquinha, aquela mamadeirinha de bebê. Estamos então saciados! Oba! De barriguinha cheia, tranqüilos, tiramos uma sonequinha e pensamos que nossos problemas acabaram, quando então lá vem ela de novo, a dor! Lembro como se fosse ontem a tristeza da minha primeira filha Alanis enquanto eu fazia massagem na barriguinha dela logo no primeiro dia de vida, porque então sua mãe estava anestesiada e não podia se levantar da cama. Eu segurava aquelas perninhas minúsculas e empurrava de encontro ao peitinho dela para aliviar a dor e ativar seu intestino que nunca havia funcionado antes daquele modo porque nunca havia mamado antes. E doía, isso era claro. Lá estava ela novamente, a dor. E daí em diante, tanto ela, como todos nós, experimentamos uma série interminável de dores, dor do frio, dor de dente, quando eles nascem, quando caem. Várias dores de barriga, porque como dizem, não dá uma vez só e por ae vai. Então sentimos a dor da solidão, por estarmos não mais ligados fisicamente aquela que nos gerou, e choramos a sua ausência e queremos colo, embalo, carinho. Começamos as tentativas de passos e choramos quando caímos, às vezes por dor da queda às vezes por dor do fracasso em não concluirmos o passo.
E assim começamos nossa jornada nesse mundo de dores, e assim o sendo, e se assim o assumirmos como ele é, sem choro. Fica mais fácil nossa caminhada se nos acostumarmos a esse fato e aceitarmos a vida como ela é. Cheia de dores do princípio ao fim. Se você espera um mundo confortável, onde nunca irá se machucar ou sofrer, sinto informar-lhe que nasceu no mundo errado. Esse mundo é feito para aprendermos a superar as dores, a conviver com elas, e não nos deixarmos abater por elas. Tudo dói! Crescer dói! Quando estamos crescendo, é normal sentirmos dores quando acordamos, pois durante a noite nossos corpos estavam crescendo, nossos ossos esticando, e isso dói. Se você não se lembrar, prestes atenção nos seus filhos, sobrinhos, irmãozinhos e vez ou outra os verá reclamando dessas dores. Crescer dói! Quando somos crianças ainda, e vamos aprender a andar de bicicleta, skate, roller, o que acontece? Dói! Porque caímos. Ninguém aprende na primeira tentativa e nunca cai. Todo mundo cai. E dói! No corpo, na alma. Não queremos cair. Não sabemos que é normal. Não queremos sentir dor. As pessoas vão da infância a velhice fazendo de tudo para fugir da dor. Nisso muitas perdem a vida e grandes chances de serem felizes apenas por não saberem lidar com a dor. E assim fugindo dela, perdem os prazeres e alegrias que poderiam ter se aceitassem o fato de que a dor faz parte dessa vida.
Todos sentem dor, o que importa é a reação de cada um diante dela. Aqueles que menos se importam com ela, tendem a ter mais realizações e mais alegrias que as que a temem exageradamente. Sendo ela inevitável, devemos aprender a reagir de forma menos dramática e temerosa diante dela. Da mesma forma quando do nascimento, quando chega o amadurecimento do ser, surge novamente a dor. Porque crescer dói, e amadurecer, é como um novo nascimento, temos que novamente sair da nossa zona de conforto, temos que novamente nos adaptarmos a novas condições de vida que não nos são familiares, temos que adquirir novos hábitos, e isso dói.
Quando a morte leva alguém que amamos, e isso é inevitável, dói. Quando somos abandonados por alguém que amamos, dói. Quando somos traídos em nossa confiança, dói. Nossa vida terá inúmeros motivos, decepções, pequenas e grandes tragédias, doenças e imprevistos que nos trarão, dores!
Concluindo, esteja preparado para elas, não fuja das dores, não viva de modo a evitá-las, elas são inevitáveis e sempre encontrarão um modo de te encontrar, não há como fugir então não fuja desesperadamente dela. Não digo para arriscar sua vida constantemente, colocar-se proposital e constantemente em perigo de morte e outros similares, mas sim, que não viva de modo a evitar a dor a qualquer custo. Não deixe de amar por medo de sofrer com a separação, arrisque-se, não deixe de iniciar uma nova empresa por medo do fracasso social, enfim, não perca os prazeres da vida por medo da dor. Acostume-se com o fato de que elas virão, prepare-se psicologicamente para a possibilidade de ter que lidar com ela, e enfrente-a! Nunca deixe que ela tire o que há de melhor em você. Nunca deixe que ela te impeça de ser feliz. Seja maior que a dor. Supere-a! Aceite-a! Acostume-se com ela e será forte! E ela terá cada vez menos poder sobre você. Até chegar ao ponto de você nem se importar com ela. Coloque seus sonhos e suas metas acima do seu medo da dor, e ai então poderá chamar-se, vencedor!
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